Dolgopolov, ex-jogador agora na frente de batalha pela Ucrânia: «Eu costumava ficar nervoso quando perdia, mas o esporte não é importante»

Ex-jogador profissional ucraniano entre 2006 e 2018, Alexander Dolgopolov, que alcançou o 13º lugar mundial em 2012, agora está engajado militarmente nas forças armadas de seu país e defende a Ucrânia na frente de batalha desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Assim como seu compatriota Serhiy Stakhovsky (profissional entre 2003 e 2022, ex-31º do mundo, que derrotou Roger Federer para surpresa geral na segunda rodada de Wimbledon em 2013), que também está lutando pela Ucrânia, Dolgopolov concedeu uma entrevista nas últimas horas ao veículo local Tribuna, na qual ele fala sobre seu cotidiano desde o início do conflito.
«Às vezes, eu sonho com meu passado como jogador de tênis, quando ainda era jovem e despreocupado, mas isso não muda minha nova realidade.
Isso não significa que eu acorde de um sonho e queira estar em outro lugar, ou que fique chateado por ter sido apenas um sonho. É preciso enfrentar os momentos difíceis.
Na verdade, estou feliz por poder defender meu país. Hoje, às vezes durmo em casas em ruínas em vilarejos abandonados, onde, em vez de banheiros, há uma fossa cheia de baratas e ratos.
Nesses momentos, sou grato por cada pequena coisa da vida. Uma vez, uma velha avó nos deu uvas na rua. Meu Deus, como estavam deliciosas.
Eu costumava ficar nervoso quando perdia no tênis. Claro, era meu trabalho, era importante para mim. Mas o esporte não é importante. No final, é apenas um jogo.
Quando a perna de um amigo é arrancada diante dos seus olhos, sua visão da vida muda completamente. Eu não desejaria uma experiência assim para ninguém», afirmou ele.