« Precisava de reprogramar o meu sistema nervoso », afirma Juvan
Depois de ter passado por um verdadeiro período de vazio no início da sua jovem carreira, Kaja Juvan parece estar de volta para ficar, mais forte do que nunca. Em 2022, a eslovena teve a dor de perder o pai, que faleceu devido a um cancro no estômago.
Após ter colocado a carreira em pausa durante algumas semanas no ano seguinte, foi diagnosticada com um distúrbio neurológico funcional no início de 2024, algumas semanas depois de ter disputado o Open da Austrália.
« Aprendi a conhecer o meu cérebro de uma maneira completamente diferente »
A jogadora de 25 anos, atualmente 101ª do mundo, regressou ao circuito em fevereiro de 2025, mais de um ano após a sua última aparição entre os profissionais. Numa entrevista concedida à WTA, Juvan, que alcançou o 58º lugar no seu melhor ranking, fez um balanço do seu período de dúvidas que a afastou dos courts durante quase todo o ano de 2024.
« Aprendi a conhecer o meu cérebro de uma maneira completamente diferente. Quando se ama alguém (ela fala do pai) a esse ponto, a dor é exaustiva. Não se pode separar o cérebro do corpo. Todo o nosso sistema nervoso é controlado pelo cérebro. Muitas lesões vêm daí. No início, um dos meus treinadores queria quebrar-me mentalmente. Ele pensava tornar-me mais forte mudando toda a minha personalidade.
« Durante 10 a 12 meses, não conseguia acalmar o meu sistema nervoso »
Ele não parava de dizer que eu era demasiado boa com as pessoas, que tinha uma personalidade má. Era como uma manipulação. Quando se ouve isso todos os dias, mesmo eu, que venho de uma família muito estável, acaba por subir à cabeça. Comecei realmente a acreditar que era preciso ser infeliz para ter sucesso.
Há muitos narcisistas no mundo. Eles tentam valorizar-nos, mas dizendo: "Fui eu que tornei isto possível, é graças a mim que és boa." E se perdes, a culpa é tua. Basicamente, o que me aconteceu foi que estava sempre em estado de pânico.
O que antes era um desafio tornou-se uma fonte de angústia. Não tenho predisposição genética para a depressão ou ansiedade, mas durante quase 10 a 12 meses, acordava e não conseguia acalmar o meu sistema nervoso. Tornava-me cada vez mais ansiosa a cada dia, mas dizia a mim mesma que tinha de perseverar, que era bom sair da minha zona de conforto e que era normal estar stressada o tempo todo.
« Ver como as coisas acontecem passo a passo »
Precisava de reprogramar o meu sistema nervoso. Não sabia que o cérebro relaxa quando nos divertimos mais. Mas se sentimos medo, o sistema nervoso contrai-se.
É perfeitamente lógico, mas eu não via as coisas sob essa perspetiva. Acho que se aprendi algo com esta experiência, foi ver como as coisas acontecem passo a passo », garantiu Juvan para o site oficial da WTA.
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