Cahill sobre Halep: «A pressão das pessoas na Romênia era enorme, dava para sentir»
Agora aposentada, Simona Halep disse adeus ao tênis profissional no mês passado, durante o torneio WTA 250 de Cluj-Napoca.
O fim de sua carreira foi marcado por lesões repetidas no joelho e no ombro, além de uma suspensão de um ano e meio por doping.
Seu ex-treinador, Darren Cahill, relembrou o período em que treinava a romena, ex-número 1 do mundo e vencedora de dois títulos de Grand Slam, em Roland-Garros em 2018 e em Wimbledon em 2019, no podcast Tennis Insider Club de Caroline Garcia.
«Quando comecei a trabalhar com ela, tínhamos que encontrar soluções para facilitar sua vida em quadra. Ela tem um currículo incrível.
Se não me engano, ela passou cinco ou seis anos no top 5 sem sair. Para seu estilo de jogo, cada partida era difícil.
Todos queriam que ela fosse a número 1 da WTA, todos queriam vê-la ganhar um Grand Slam. Ela esteve tão perto várias vezes.
Ela sofreu derrotas dolorosas em torneios de Grand Slam, em Roland-Garros, contra Ostapenko, onde liderou por um set e um break (na final da edição de 2017).
Essa derrota foi devastadora. Ela estava jogando por seu primeiro título de Grand Slam, poderia ter se tornado a número 1 se tivesse vencido aquela final.
A pressão das pessoas na Romênia era enorme, dava para sentir. Era intensa. Sabíamos que ela estava destinada a ganhar um título de Grand Slam, mas nunca se sabe quando.
Ela havia perdido duas finais de Grand Slam naquela época (antes de perder uma terceira em Melbourne em 2018). Decidi então que era importante manter o positivismo, pois eu era o mais velho da equipe, o mais experiente.
Eu disse a ela: 'Simona, está tudo bem, vamos conseguir, continuamos lutando, voltamos para a quadra, continuamos evoluindo, sorria e aproveite o tênis.'
No dia seguinte à sua derrota no US Open 2017 contra Sharapova, eu a vi e disse: 'As últimas oito semanas foram minha culpa. Tentei ser positivo. Sei que você está sofrendo, eu também estou, mas por dentro.'
Comecei a chorar e a abracei. Ela também começou a chorar e me disse: 'Estou esperando esse abraço há três meses e estou muito feliz que você fez isso.'
Duas semanas depois, fomos para a Ásia, Simona jogou contra Sharapova e a venceu. Toda a pressão havia sido retirada de seus ombros e ela podia novamente aproveitar o tênis.
Não era meu estilo de treinamento, mas isso me ensinou uma lição importante», ele explicou recentemente.
